Entenda o que é autenticidade e como desenvolver a identidade na adolescência de forma saudável
Para ser uma pessoa autêntica, é preciso ser verdadeiro com você mesmo e agir de acordo com que você acredita. Dentro dessa ideia de autenticidade, existe a criação de um senso de identidade que precisa ser desenvolvido. Segundo Ana Carolina D`Agostini, mestre em Psicologia Educacional e gerente de conteúdo da Semente Educação, essa identidade começa a ser formada de forma mais intensa durante a adolescência.
Esse período pode ser muito confuso e conturbado para a maioria dos jovens, em parte porque há um sentimento de estar perdido durante o início da adolescência. Na infância, tudo é muito mais controlado, e a identidade das crianças é moldada pelos familiares: o que vestir, o que comer, como arrumar o cabelo. Por isso, além de todas as mudanças físicas e psicológicas que vêm com a adolescência, Ana Carolina explica que há uma espécie de luto em relação à infância, que causa as flutuações de humor típicas dessa fase. “Por mais que haja muitas coisas que são interessantes nessa fase da vida, muita adaptação se faz necessária. Mudanças nunca são simples, porque elas exigem desafios em todos os níveis.”
Por isso, a adolescência é comumente associada ao período em que as pessoas não sabem exatamente quem são, do que gostam ou o que querem para seu futuro. Sentimentos como a falta de confiança e a tendência de ser facilmente influenciado pelos outros também são comuns nesse período, até que se forme esse senso de identidade.
Como desenvolver a identidade de modo saudável
A adolescência é uma fase da vida que costuma vir cercada de muitos desafios e conflitos, principalmente com a família, pois é o momento em que o jovem se questiona o quanto se identifica com a maneira como aqueles familiares vivem e pensam. Para Ana Carolina, esse período é crucial para a construção de quem a pessoa é e o que a torna única. Gostos, preferências, pontos fortes e pontos a desenvolver, como se encaixa nos grupos sociais, quem gostaria de ser um dia.
“A identidade não é uma descoberta que um adolescente faz em determinado momento. É uma jornada, é um processo, e é importante que haja um percurso de autoconhecimento, em que, por exemplo, eles possam explorar as coisas de que gostam na escola – diferentes esportes, como se sentem com diferentes amigos, que tipos de música gosta de ouvir.” Logo, quanto mais o adolescente se coloca em condições de se abrir ao novo, tendo contato com as suas emoções, com seus valores e interesses, mais ele vai conseguir responder à pergunta: quem sou eu?
A autoconfiança dentro do autoconhecimento
Algo que muitas vezes falta aos jovens durante esse período é autoconfiança, e cabe às pessoas ao redor deste adolescente, como pais e educadores, colaborarem para criar um ambiente onde eles se sintam valorizados e seguros para darem as suas opiniões e mostrarem quem são. “Então seja com um profissional, seja com pessoas da família, é bom que ele se sinta mais à vontade para conversar, tendo adultos que reforçam os pontos positivos dessa nova personalidade.” diz Ana Carolina, que reforça que o caminho da autoconfiança não deve ser um caminho solitário.
Apesar de ser um caminho compartilhado, também é importante fazer exercícios de pensamento crítico para não se “fundir” ao grupo e formar uma identidade que diga respeito mais aos amigos e familiares do que a si mesmo.
Durante esse período, as competências socioemocionais mais importantes e que podem ajudar durante essa fase de dúvidas e de se encontrar no mundo, são a curiosidade e a criatividade, além das habilidade de modulação emocional, todas elas de grande relevância no processo de construção dessa identidade.