A aprendizagem de habilidades socioemocionais é um assunto relativamente novo. Por isso, a maioria das universidades de Pedagogia ainda não tem um protocolo específico para incorporar essa discussão à formação dos professores. Portanto, o desafio atual é capacitar os profissionais, de maneira intencional, para adquirir e ensinar essas competências.
“Independentemente da disciplina, todo professor, de alguma forma, está desenvolvendo as habilidades socioemocionais de seus alunos. Porém, sem uma metodologia por trás ou sem um momento focado, isso pode até atrapalhar o desenvolvimento dessas competências, porque cada professor age de um jeito”, diz Ronaldo Carrilho, diretor de conteúdo da Semente Educação.
A capacitação dos professores deve ser uma prioridade
A demanda pela aprendizagem socioemocional é urgente no Brasil, inclusive por estar prevista na BNCC (Base Nacional Comum Curricular). Assim como ocorre com todas as outras disciplinas, o professor precisa dominar completamente o assunto para estar apto a ensinar aquilo às turmas. No caso, isso significa que o educador deve buscar o próprio desenvolvimento das competências socioemocionais no seu cotidiano.
“No Programa Semente, nós temos a Academia de Professores, em que aceleramos esse processo de formação socioemocional, desenvolvendo não só o lado profissional do professor, para torná-lo apto a ensinar essas competências, mas também oferecendo uma formação pessoal, para que ele possa, por exemplo, fazer uma autoavaliação do estágio do seu aprimoramento socioemocional”, explica Carrilho. Em síntese, o ponto de partida é capacitar os educadores, para então levar isso às escolas.
A formação socioemocional deve estar alinhada à realidade das escolas
“As realidades das escolas são muito distintas. Então, às vezes, é preciso trabalhar certas competências com mais ênfase, dependendo do contexto. Em situações de bullying e conflitos, por exemplo, é necessário priorizar a modulação da raiva, da inveja, do ciúme, inserindo atividades voltadas para esse desenvolvimento específico”, afirma Carrilho.
Então, além do modelo de aprendizagem adotado por cada instituição (no Programa Semente, são 17 competências socioemocionais básicas), a equipe pedagógica deve estar atenta ao cotidiano escolar, manejando esforços específicos para resolver seus problemas.
Por que é importante trabalhar as habilidades socioemocionais nas escolas para crianças e adolescentes?
Agrande vantagem de trabalhar o desenvolvimento socioemocional nas escolas, tanto para crianças quanto adolescentes, é, justamente, o processo de alfabetização contínuo. “A essência de uma competência socioemocional é que ela pode ser aprendida – processo que se dá ao longo da vida – e exerce um grande diferencial para o indivíduo”, diz Carrilho.
Então, o professor deve ensinar às turmas o significado de cada competência, evidenciando os resultados positivos do seu desenvolvimento. Ao ter mais determinação, por exemplo, a pessoa será mais organizada, gastará menos tempo com as suas tarefas e alcançará os seus sonhos com mais facilidade.
Quando o estudante enxerga esses efeitos com concretude, ele modifica o seu jeito de pensar, aprendendo estratégias para sempre agir conforme os seus princípios e metas e tomando decisões mais apropriadas. “Ensinar o indivíduo, desde a infância, a reconhecer e controlar suas emoções mostra para ele que isso impacta significativamente suas relações pessoais, o seu sucesso acadêmico e, posteriormente, seu desempenho profissional”, finaliza Carrilho.