Nos diálogos com os pais, os profissionais devem priorizar a escuta ativa, encontrando objetivos em comum e formas plausíveis de alcançá-los
A responsabilidade pelo desenvolvimento de uma criança, inclusive da perspectiva socioemocional, é um tripé, formado pela sociedade, pela família e pela escola. Segundo a psicóloga Ana Carolina D’Agostini, gerente de conteúdo da Semente Educação, cada agente possui sua devida responsabilidade, e é fundamental que os pais tenham um contato próximo com os professores para agirem em parceria.
A importância da conexão entre família e escola
“Quando os pais acompanham a rotina escolar e trabalham ao lado da escola, eles oferecem apoio emocional, demonstrando interesse e preocupação com o desenvolvimento geral do filho. A criança ou o adolescente se sentem valorizados, sabendo que têm com quem contar para os momentos mais difíceis ou para compartilhar as boas novidades”, explica Ana Carolina.
Além de aumentar as chances de um bom desempenho acadêmico, a participação ativa dos pais abre um canal de comunicação essencial entre escola e família. Nessas trocas, que devem ser constantes, são compartilhados comportamentos, sentimentos e necessidades específicas do estudante, garantindo o suporte necessário para eventuais desafios. Ao compreender que são parceiros, os adultos formam um ambiente estável, afetivo e favorável ao aprendizado.
De acordo com a psicóloga, a longo prazo, os benefícios serão evidentes. “A participação dos pais na rotina escolar dos filhos mostra a importância que eles atribuem à educação. Esse envolvimento pode ser muito inspirador para que os jovens valorizem ainda mais o estudo, pensem em seus projetos de vida, corram atrás do que desejam e se dediquem àquilo que é importante”, explica.
Como os professores devem proceder caso haja um conflito com a família?
O papel dos profissionais da Educação Básica é, primeiramente, estabelecer uma escuta ativa com as famílias dos estudantes, que aconteça de forma respeitosa, e ambos os lados tenham seu espaço. Nessa interação, a escola deve identificar os sentimentos e as necessidades em jogo, sobretudo em casos de conflito.
“Uma estratégia interessante é buscar quais são os objetivos em comum entre a família e a escola. Muitas vezes, são pontos de vista diferentes de como resolver, mas é muito provável que haja um objetivo em comum, como o bem-estar, o desenvolvimento saudável e o bom desempenho acadêmico”, diz Ana Carolina.
Sempre que aparece um conflito, é preciso pensar no que é negociável ou não, para ambos os lados. O objetivo dos professores deve ser encontrar uma solução, de forma respeitosa e colaborativa, e não simplesmente mostrar estar com a razão. Nessa questão, as conversas individuais, por telefone ou presenciais, são excelentes para que os pais detalhem sua visão e não se sintam julgados, enquanto os profissionais escutam e compreendem aquela perspectiva.
Quais competências socioemocionais podem ajudar?
Para auxiliar o diálogo e a escuta ativa, a família das competências socioemocionais da amabilidade, composta pela empatia, pelo respeito e pela confiança, entra em destaque. Ana Carolina sintetiza como cada competência pode ajudar:
- empatia: a habilidade de se colocar no lugar do outro é essencial nesse caso, tanto para a escola quanto para a família;
- respeito: a reciprocidade se manifesta na escolha das palavras e no ambiente em que a conversa acontece, além da forma que o conflito é abordado;
- confiança: é fundamental acreditar que cada um está fazendo o melhor que pode e que o outro é capaz de exercer seu papel.
Por fim, a profissional também aponta a importância da família do engajamento com os outros e, em especial, da competência da assertividade. Com ela, os indivíduos conseguem expor os seus pontos de forma não agressiva, encontrando soluções e um plano de ação para o problema.