A pauta de saúde mental está cada vez mais presente nas companhias, e a educação socioemocional pode ser uma aliada para um ambiente profissional mais saudável
De acordo com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), mais de 200 mil pessoas foram afastadas do trabalho por transtornos mentais e problemas de saúde mental no ano de 2022. Diferentes fatores entram em jogo quando se discute as causas deste número, mas o ambiente de trabalho pode ser um deles. Por isso, existe um investimento crescente das empresas em promover um ambiente saudável e com foco no bem estar dos colaboradores.
Além de evitar problemas futuros, esse tipo de ação também contribui para a melhoria dos resultados dos trabalhadores, incrementando o engajamento e aumentando a retenção de talentos da empresa. “Há pesquisas que sustentam que bem-estar, flexibilidade e investimento em saúde mental são fatores de maior peso na escolha de um trabalho, ultrapassando a questão financeira”, comenta Fernando Suzuki, gerente da área de novos negócios na Semente Educação.
A aprendizagem socioemocional dentro das empresas
Grande parte das soluções disponíveis no mercado que visam trabalhar a saúde mental dos colaboradores são remediativas, trazendo psicólogos, meditação e alguns cursos. Já a abordagem da aprendizagem socioemocional faz com que o indivíduo compreenda melhor o que são as emoções e como elas se manifestam, provocando uma autorreflexão contínua e maior embasamento científico para tangibilizar o tema da saúde mental.
“Como exemplo, gosto de falar da modulação do medo. Sempre falamos que estamos com medo, seja no dia a dia, no consultório ou para os amigos. Porém, o medo possui estágios: receio, preocupação, ansiedade, desespero, pânico, cada um com um grau de energia diferente e efeitos fisiológicos que podem alterar a rotina, a performance e tudo o mais. Se entendemos e sabemos reconhecer em qual estágio estamos, fica mais fácil a nossa missão”, explica Fernando.
A aprendizagem para profissionais em uma empresa se difere da realizada com crianças, que tiveram menos contato com questões de saúde mental e estão em estágio de desenvolvimento. “Quando falamos de uma pessoa adulta, que já vivenciou inúmeras situações ao longo da vida, possui padrões de pensamento específicos e está condicionada a determinados modos de pensar e agir, é um processo diferente. Provavelmente, ela nunca teve a chamada alfabetização socioemocional, e não sabe nomear seus sentimentos, muito menos explicá-los”, ressalta o gerente.
Fernando deixa a pergunta: “quem nunca foi a uma análise ou terapia, e simplesmente ao ser perguntado o que está sentindo responde ‘não sei’?.” Ele diz que quando alguém diz “estou triste”, muitas vezes essa pessoa não sabe diferenciar se é um aborrecimento, uma chateação ou algo mais profundo como um luto ou talvez uma depressão. O mesmo em relação a angústia. “Nós adultos sabemos talvez menos do que as crianças o que são esses sentimentos.”
Para ele, é importante que as empresas invistam não apenas em uma palestra semestral para os funcionários sobre depressão e burnout, mas na aprendizagem socioemocional de seus colaboradores. “Ela é uma grande aliada da saúde mental tanto para crianças quanto para adultos”, finaliza.