No evento, Celso Lopes de Souza, fundador da Semente Educação, falou sobre a importância da aprendizagem socioemocional e a necessidade de levá-la para as escolas
Após duas edições on-line, respeitando as medidas desencadeadas pela pandemia, a Bett Brasil retomou o modelo presencial em 2022. Considerada a maior feira de educação e tecnologia da América Latina, a convenção reuniu empresas que buscam transformar o ensino brasileiro. Ao todo, estima-se que 28.000 pessoas visitaram o evento, que aconteceu em São Paulo, de 10 a 13 de maio.
Sobre a participação da Semente Educação, o estande interativo foi um destaque, assim como a palestra do médico psiquiatra e educador Celso Lopes de Souza, que abordou os desafios da aprendizagem socioemocional.
O tema da palestra
No último Fórum Econômico Mundial, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) definiu a aprendizagem socioemocional como uma emergência da educação. O parecer tomou como base as incertezas do cotidiano contemporâneo, que apresenta mudanças cada vez mais rápidas.
"A gente precisa levar para a escola competências que vão ajudar a lidar com esse mundo inconstante – e as competências socioemocionais fazem esse papel. Já existe muita pesquisa a respeito disso, muita evidência científica, e o desafio é trazer isso para a realidade da escola", explica Celso. A proposta da Semente é efetivar essa aprendizagem por meio de uma metodologia escalável, que vai do aluno ao professor.
Todos esses fatores resultaram na definição do tema “desafios para a construção de uma aprendizagem socioemocional efetiva”.
Os principais pontos abordados na palestra
Durante a sua fala, o especialista abordou temas essenciais para a compreensão da educação socioemocional. Os principais pontos apresentados foram:
- O framework (um conjunto de códigos) que instituições como a OCDE e o Instituto Ayrton Senna utilizam para medir e dar intencionalidade ao trabalho com as competências socioemocionais. Segundo o palestrante, trata-se de um modelo transcultural, pois pode ser replicado em diversas culturas.
- A exibição de estudos sobre a aprendizagem socioemocional. Foi apresentado um estudo longitudinal, executado em dez cidades, de nove países, que acompanhou estudantes ao longo do ano. Os primeiros dados, divulgados em outubro de 2021, apontaram uma melhora na saúde mental e no desempenho acadêmico.
- O desenvolvimento socioemocional não é linear na adolescência. Existem quedas, seguidas por um novo crescimento. Com isso em mente, o foco foi avaliar (e debater) como isso está no pós-pandemia, além de apontar maneiras para incentivar essa fluidez.
O papel da ciência
Completando os tópicos listados, Celso também destacou a base científica por trás da aprendizagem socioemocional. Ele afirma que a ciência já conhece formas de ensinar as competências, de mapeá-las e de medi-las (por meio da psicometria), proporcionando uma análise do desenvolvimento individual.
“Nós temos o conteúdo e temos como medir, ou seja, está tudo pronto para levar para a prática. É isso que a Semente vem fazendo”, reforça.
O objetivo da palestra
“Com relação ao impacto da palestra, o que a gente espera é que as pessoas sejam sensibilizadas sobre o quanto é possível trazer evidências científicas, de modo escalável, para a escola. Acho que essa é a principal mensagem. E temos urgência para fazer isso”, finaliza.