Pais superprotetores podem causar danos psicológicos aos filhos, aponta pesquisa; como a escola pode ajudar?
A autonomia é a “capacidade de governar-se pelos próprios meios”. Filosoficamente, a habilidade diz respeito à “capacidade da vontade humana de se autodeterminar segundo uma legislação moral por ela mesma estabelecida”. É uma competência essencial para qualquer ser humano.
O que vemos hoje, no entanto, são crianças, adolescentes e até adultos cada vez mais dependentes de outras pessoas. Isso pode estar relacionado à falta do desenvolvimento da autonomia durante a infância. Empenhados em proteger os filhos, alguns pais acabam por estimular comportamentos maléficos nas crianças e não deixam que elas explorem o mundo por conta própria.
De acordo com um estudo realizado na Universidade de Montreal que englobou 78 mães e filhos, “quando elas dão autonomia às crianças há um impacto positivo na função executiva, um dos pilares do desenvolvimento cognitivo. Essa função engloba a memória de trabalho, raciocínio, capacidade de resolução de problemas e flexibilidade de tarefas, além da capacidade de planejamento e execução de atividades.”
Ou seja, crianças que desenvolvem a autonomia têm muito mais chances de se tornarem adultos protagonistas de suas próprias histórias. A habilidade dá poder ao ser humano de fazer escolhas conscientes de acordo com seus princípios éticos, o que reflete em todas as áreas da vida. Um outro estudo aponta relação entre problemas psicológicos e pais superprotetores.
Falhar é importante
Nesse contexto, um dos erros mais frequentes na hora de educar é incentivar a dependência. Se, por exemplo, seu filho por algum motivo perdeu o prazo para entregar um trabalho escolar, você faria o exercício no lugar dele ou deixaria que o pequeno arcasse com as consequências do erro?
Em um exemplo mais banal, quando a criança está aprendendo a amarrar o próprio cadarço, ela precisa falhar várias vezes até ser capaz de fazê-lo sozinha. Quem tem a oportunidade de errar e aprender com as imperfeições características do ser humano tem muito mais chances de desenvolver a autonomia. Através de estudos científicos, esta matéria (em inglês) apresenta cinco problemas que filhos de pais superprotetores podem desenvolver ao longo da vida.
Como local de aprendizado, a escola mantém um papel importantíssimo no desenvolvimento da autonomia das crianças. A habilidade é, aliás, um dos pilares da aprendizagem socioemocional do Programa Semente. “Por meio de um projeto estruturado, os alunos aprendem competências importantes para toda a vida como fazem com os conteúdos de português ou matemática”, explica Eduardo Calbucci, professor e um dos criadores do Programa Semente.
Para saber mais, clique aqui.