Falta de motivação, novas oportunidades e mudanças de prioridades podem ser alguns sinais de que a transformação é necessária
O professor e poeta Fernando Teixeira de Andrade, em sua obra “É tempo de travessia”, faz uma reflexão importante acerca das transformações. “Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos".
Esse trecho nos mostra que as mudanças fazem parte da vida humana. Elas nem sempre são fáceis, mas costumam trazer resultados positivos. Ana Carolina D’Agostini, mestre em Psicologia Educacional e gerente de conteúdo da Semente Educação, afirma que uma das únicas certezas da vida é a de que haverá transformações. “Muitas vezes, elas chegam até nós sem que tenhamos tanta participação ativa”, diz. “Porém, outras vezes, precisamos tomar uma atitude e perceber que é o momento de agir”.
Como saber quando é hora de mudar?
Uma das chaves para responder a esse questionamento é o autoconhecimento. “É você reconhecer sinais em si e nas circunstâncias nas quais você está inserido”, comenta Ana Carolina. “Esse momento de percepção é muito particular e depende de uma série de fatores, como os objetivos da pessoa, seus sentimentos e sua situação naquele momento da vida”.
Alguns sinais internos são muito significativos para reconhecer a necessidade de mudança. A especialista cita:
- Sensação de estagnação: aquela situação em que você não se sente mais completo, o que pode trazer sintomas como tédio e falta de inspiração e motivação para seguir na rotina.
- Desejo por desenvolvimento e crescimento: não necessariamente há uma sensação de vazio, mas sim uma necessidade de viver algo novo.
- Mudança de prioridades e valores: após passar por uma determinada situação, você percebe que existem outras coisas mais importantes na sua vida, o que pode causar ajustes em seus objetivos.
- Fatores externos: mudanças significativas no trabalho ou na forma de viver um relacionamento, entre outras coisas, que podem levar a refletir e a repensar uma situação.
- Intuição: também ligada ao autoconhecimento, trata-se de uma sensação de que aquilo poderia ser diferente.
- Oportunidades: quando há um momento propício no seu universo pessoal de explorar algo novo que esteja alinhado aos seus interesses
“Muitas vezes, ignoramos esses sinais e sensações, mas eles são uma comunicação do nosso corpo e do nosso cérebro com a gente”, destaca a gerente. “Aí entra também a importância das competências relacionadas à Abertura ao novo, para que possamos explorar novos caminhos e nos abrirmos para novas possibilidades”.
Ela aponta que sempre é possível contar com os outros para pensar sobre essas questões. Porém, no fim, trata-se de uma jornada pessoal de reflexão — e talvez, até mesmo de introspecção. “As competências de Autogestão podem nos ajudar a colocar essas mudanças em andamento para que sejam feitas de forma responsável e que tragam mais benefícios do que desafios”.
A importância das transformações para uma vida plena
As mudanças cumprem um papel fundamental em diferentes áreas da nossa vida. Ana Carolina enumera algumas:
- Crescimento pessoal: para agir de maneira diferente do que se está habituado, é preciso sair da certa zona de conforto e adquirir novas habilidades e conhecimentos.
- Resiliência: a capacidade de se adaptar frente a desafios é inerente às mudanças, o que forma uma mentalidade de crescimento e desenvolve a flexibilidade.
- Sensação de renovação: o abandono de padrões antigos de comportamento e a abertura a novas oportunidades e perspectivas trazem uma sensação de renovação e reenergização inspiradora.
- Objetivos e sonhos: sejam pessoais, familiares ou de trabalho, tornam-se mais propícios a serem conquistados com a mentalidade de crescimento.
- Relacionamento com os outros: o caminho percorrido ao passar por transformações importantes torna-se mais fluido e significativo quando temos com quem contar.
“Transformar-se é inevitável”, reforça a gerente. “Desafiar-se a crescer, adaptar-se, ser resiliente e tornar-se uma versão melhor de si mesmo fazem parte desse processo”.