Prestar assistência a outras pessoas eleva o bem-estar e a autoestima de quem fez a boa ação, além de fortalecer a noção de comunidade
Recentemente, devido às fortes chuvas, o Rio Grande do Sul tem enfrentado uma tragédia que tem afetado profundamente o estado, deixando muitas pessoas em situação de crise e vulnerabilidade. Nesses momentos difíceis, a solidariedade se torna um pilar fundamental para a recuperação e o bem-estar, tanto dos afetados quanto dos que oferecem ajuda.
Felizmente, temos testemunhado uma onda nacional de solidariedade em prol das vítimas desta tragédia, com generosas doações de itens essenciais, esforços de resgate e iniciativas para conscientizar sobre a gravidade do ocorrido e as ameaças futuras.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a prática da caridade torna as sociedades mais inclusivas e minimiza os efeitos de crises humanitárias, como a que estamos vivenciando. Em momentos de adversidade, a solidariedade se revela como um importante recurso para fortalecer a saúde mental, mostrando às pessoas afetadas que não estão sozinhas. Além disso, a solidariedade também fortalece os laços comunitários e promove um senso de pertencimento entre aqueles que oferecem ajuda. Ao contribuir para o bem-estar dos outros, as pessoas se sentem parte de algo maior, parte de uma comunidade unida em prol de um objetivo comum: ajudar os que mais precisam.
Como a solidariedade pode melhorar o bem-estar e autoestima de quem ajuda?
“É comum pessoas envolvidas em ações comunitárias dizerem que se sentiram mais impactadas positivamente do que imaginam que tenham impactado o outro”, diz Ana Carolina D’Agostini, psicóloga e gerente de conteúdo da Plataforma Semente. Isso acontece porque a sensação de bem-estar aumenta, assim como a autoestima, quando percebemos que podemos lutar por uma causa ou por alguém. Além desse resultado, pesquisas indicam que, como consequência da caridade, ocorre uma melhora da saúde física e mental, o que ajuda a prevenir transtornos mentais.
Como a solidariedade pode impactar a saúde mental de quem ajudou e de quem recebeu esse auxílio?
Em relação ao impacto na saúde mental, a psicóloga explica que, ao receber ou praticar atos de solidariedade, o indivíduo desenvolve o seu engajamento com os outros (família de competências socioemocionais importante para estabelecer conexões) e a amabilidade, composta por empatia, respeito e confiança. Saber com quem se pode contar e estabelecer ligações configura, justamente, um dos principais fatores protetivos para o bem-estar emocional.
"Reconectar-nos com esse sentimento de comunidade, de cuidado com todas as pessoas, não só com aquelas que são da nossa família ou do nosso círculo de amizades, faz com que nos sintamos mais amparados e menos sós. Além disso, fortalece o senso de que, quando precisarmos de alguma ajuda, nós fazemos parte de um ecossistema em que as pessoas olham e zelam umas pelas outras", explica Ana Carolina. Em suma, a solidariedade coloca em prática a ideia de que podemos, sim, fazer algo pelo outro e que, quando existe um acontecimento de força maior ou que nos desestabiliza, não o enfrentamos sozinhos. Os efeitos são muito positivos para a saúde mental de quem ajudou e de quem recebeu a assistência.
Para a população que está recebendo essa ajuda, os impactos são profundos e significativos. Em momentos de crise, o apoio solidário pode ser um símbolo de esperança em meio ao caos. Sentir que não estão sozinhos, que há pessoas dispostas a estender a mão para ajudar, pode trazer conforto e a sensação de apoio físico e emocional. A ajuda recebida não se restringe apenas às necessidades materiais, mas também pode ter um impacto positivo nas emoções. Saber que existem pessoas presentes e dispostas a ajudar pode aumentar a sensação de segurança e bem-estar psicológico, reduzindo o estresse e a ansiedade que podem ser causados ou intensificados por situações de crise.